Juventude e Política: mecanismos de atuação

24/12/2009 10:20

Neste artigo, tenho como objetivo refletir basicamente, sobre alguns mecanismos de atuação política que podem ser utilizados pelo jovem. Em outras palavras, pretendo evidenciar algumas formas de atuação, que permitam ao jovem, sua maior participação no processo político e social da atualidade, referentes a diversas áreas de convivência, tais como em seu bairro, cidade e país.

A possibilidade de participação do jovem neste processo, não pode ser desperdiçada como vem sendo observada ao longo da história. Na atual conjuntura, pensamos ser necessário que a atuação do jovem, seja exercida de modo consciente e equilibrada, de modo a não correr o risco de cair em descrédito. Afinal, foram séculos de silêncio, para que somente agora, há pouco mais de alguns anos, que  jovem conseguiu que sua voz fosse ouvida. Como exemplo, lembramos que muitos movimentos juvenis têm, de certa forma, afrontado a política, bradando firme em favor da democracia e das liberdades individuais, muito embora, a imprensa tenha, algumas vezes, noticiado e promovido a mensagem de que as manifestações da juventude, tenham sido desordenadas ou mesmo violentas, gerando, na maioria das vezes,  enorme desprestigio ao segmento juvenil que anseia por ser ouvido.

Para que o segmento jovem seja cada vez mais respeitado e de algum modo consiga resultados positivos, ampliando sua voz, pensamos ser preciso cada vez maior sentimento de união de ideais e empatia de propósitos, conforme citação, “As manifestações bem-sucedidas não são necessariamente as que mobilizam o maior numero de pessoas” (BOUSDIEU, Pierre: Hans Haacke, Libre-echange, 1994). Não significando porém, que as grandes mobilizações não têm poder de mudança, mas porém,  crendo na força natural que emana de um trabalho de identificação e articulação política, capaz de construir uma imagem sólida, atingível e verdadeira, que tenha como característica principal, a possibilidade de expor claramente, aos atuais dirigentes políticos e a sociedade civil, o fato de que existem jovens interessados em ver um país melhor. Jovens que não estão apenas iludidos de esperança, mas que acima de tudo, vem se preparando, estudando e se profissionalizando, para que investidos de instrumentais formais, possam num futuro não muito distante, unidos, trabalhar na construção e melhoria de nosso Brasil .
A juventude, portanto, deve ser vista como um grupo com consciência própria,  capaz de discutir política em suas casas, com seus familiares; nas escolas, universidades, junto professores, muitas vezes, jovens também; indagando ainda, porque não na internet? Esta é uma crescente tendência. Atualmente a internet configura-se como o espaço mais democrático de expressão que podemos dispor. No entanto, é preciso separar o joio do trigo, uma vez que infelizmente, o que se pode observar, em meio a pessoal sério e comprometido, há muitos sites e blogs ruins, com informações descartáveis. Por outro lado, existem outros que valem a pena serem lidos,  como é o caso do portal da juventude do governo do Estado de São Paulo, possibilitando acesso: www.juventude.sp.gov.br 

De inicio, claro, as idéias e reivindicações postadas na internet, podem não gerar repercussão imediata, porém, com o passar do tempo, se as postagens se mantiverem constantes e coerentes, com certeza, surtirão efeito, atingindo seus objetivos. Muitos veículos de comunicação utilizam como baliza na escolha da pauta, as opiniões postadas por pessoas comuns na internet, considerando-a como imprescindível meio de se verificar a opinião pública.
O jovem, uma vez que ainda precisa se firmar como cidadão virtuoso, lembramos de citar o grande clássico da filosofia política, escrito por Aristóteles na antiguidade, intitulado: Política. Nas palavras de Aristóteles:
           - “Como definiremos um cidadão? Ele é mais que apenas um habitante; direitos privados não são suficientes para definir um cidadão. Ordinariamente, trata-se de alguém que possui poder político; alguém que se senta nos júris e nas assembléias(...)é cidadão todo aquele que tenha poder político(...) O bom cidadão é aquele que presta bons serviços a sua cidade(...)”.

Observa-se que desde a Antiguidade, para o jovem expandir e fortalecer suas ações, vindo a tornar-se um cidadão, agente político de sua cidade, ele precisava desenvolver atividades que fossem relevantes ao contexto em que vivia, em outras palavras, ainda nos dias atuais, é preciso que ao jovem, seja dado,  poder político. Diante de que indagamos: qual o melhor caminho para esta conquista? Acreditamos serem muitos, mas neste artigo, nos propomos a enfatizar a importância do trabalho voluntário, que além de tornar mais humano o individuo que o exerce, ainda funciona como dispositivo ou mecanismo de legitimação e fortalecimento dos movimentos sociais perante o poder público. Em outras palavras, imaginemos que um grupo de jovens inconformados com a realidade de um bairro especifico de sua cidade,  que sofre com alto índice de analfabetismo, decida se reunir em associação, e promover na medida do possível, aulas coletivas para alfabetizar aqueles que não tiveram acesso ao ensino, por um descaso do governo, que não proporcionou políticas públicas efetivas para assistir aqueles cidadãos. Certamente, enfrentarão muitas barreiras, porém se conseguirem desenvolver um bom trabalho, terão a possibilidade de conquistar nova força política, capaz de gerar o apoio da mídia, e inda, uma importância moral, que lhes garantirá voz diferenciada junto ao poder público.

Esta é apenas uma reflexão sobre algumas possibilidades de atuação e fortalecimento político do jovem, que só se tornarão efetivas, se estiverem imbuídas de ideais nobres, que tenham como único objetivo, melhorar a condição de vida da sociedade como um todo,  e, especialmente do jovem, que tem por missão, ser o agente transformador do mundo. Concluindo, como jovem, penso que temos que nos esforçar para fortalecer o segmento jovem na atualidade, no entanto, nossas ações devem ser medidas  sob a régua reguladora dos bons costumes, não é porque somos jovens que podemos tudo!

É importante que mostremos competência em nossas ações, não podemos nos posicionar de forma amadora, temos que conhecer o terreno onde pisamos, e, só conseguiremos mais espaço, quando aproveitarmos as oportunidades, que se traduzem muitas vezes, em simplesmente participar do grêmio na escola, ou, do diretório acadêmico da universidade. Assim, estaremos fortalecendo e desenvolvendo a juventude e, com isso, estaremos fortalecendo e desenvolvendo o Brasil.

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Obs.: Este artigo foi publicado no Jornal 'Diario da Franca', nos dias 29 e 30 de Novembro, do ano de 2009.